O entrevero que resultou na demissão de Dorival Júnior do comando do Santos por pouco não emperra a carreira de Neymar. O episódio de destempero e má educação do jovem candidato a astro - irritou-se por não cobrar pênalti em jogo com o Atlético-GO, em setembro - provocou a ira de muita gente. Não faltou quem vislumbrasse nele um monstro indomável; pela vontade de moralistas de plantão, aquela atitude merecia Boletim de Ocorrência. Era caso de polícia, chibata, internação.
Depois do que esse rapaz fez, na estreia do Brasil no Sul-Americano Sub-20, no Peru, me uno ao coro dos que o veem como um monstro, mas da bola, do futebol bonito, da ousadia que resulta em gols. Neymar chamou o jogo para si, sobretudo após a expulsão de Zé Eduardo e Henrique, marcou todos os gols da vitória sobre o Paraguai (4 a 2) e ainda infernizou a perplexa defesa adversária. Só pelos gols, já mereceria ser reverenciado como destaque do time. Porém, o que mais me chamou a atenção foi a atitude grandiosa de colocar sua categoria em favor do grupo.
Alguém certamente torcerá o nariz e fará ressalvas. Já li, em fóruns de debates, críticas ao fato de ele ter sido "fominha", de insistir em lances individuais e desperdiçar várias oportunidades! Os mesmos que não toleram Neymar porque tem vocabulário parco, usa cabelo espevitado, ostenta brincos de brilhante, tem carrão e virou celebridade antes dos 20 anos. Ou por ter bobeiras próprias da idade. Com dor de cotovelo, esses continuarão a vê-lo como falso brilhante. Prefiro admirá-lo como uma joia em lapidação constante.
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